UNIVERSIDADE DA MADEIRA

GRUPO DE ASTRONOMIA


Lutécia: Um sobrevivente raro da altura do nascimento da Terra

Observações recentes indicam que o asteróide Lutécia é um fragmento que restou da matéria original que formou a Terra, Vénus e Mercúrio. Os astrónomos combinaram dados da sonda espacial Rosetta da ESA, do New Technology Telescope do ESO e de telescópios da NASA e descobriram que as propriedades do asteróide são muito similares às de um tipo raro de meteoritos encontrados na Terra e que se pensa terem sido formados nas regiões interiores do Sistema Solar. Lutécia deslocou-se provavelmente no passado para a sua órbita atual, situada na principal cintura de asteróides entre Marte e Júpiter.


Figura 1 - Lutécia fotografado pela sonda Rosetta da ESA durante a sua maior aproximação em Julho de 2010.
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http://www.eso.org/public/images/eso1144a/]


Lutécia parece ter tido origem, não na cintura de asteróides onde hoje se encontra, mas muito mais próximo do Sol. O estudo da sua composição revela semelhanças profundas com meteoritos conhecidos por conterem material que data dos primórdios do Sistema Solar (condritos enstatite). Pensa-se que se tenham formado perto do jovem Sol e que tenham constituído o principal material de construção dos planetas rochosos, em particular Terra, Vénus, e Mercúrio. Lutécia, que tem uma dimensão de cerca de 100 quilómetros, pode ter sido ejetado para fora das regiões interiores do Sistema Solar se passou próximo de um dos planetas rochosos, capazes de alterar drasticamente a sua órbita. Um encontro com o jovem Júpiter durante a sua migração para a atual órbita, pode justificar igualmente a grande variação de órbita de Lutécia.

Estudos anteriores das propriedades de cor e superfície deste asteróide mostraram que Lutécia é um membro da cintura de asteórides bastante invulgar e misterioso. Os estudos mostram que objetos deste tipo são muito raros, representando menos de 1% da população de asteróides da cintura principal. Os novos resultados explicam porque é que Lutécia é diferente - é um sobrevivente muito raro do material original que formou os planetas rochosos. Lutécia parece ser um dos maiores, e dos poucos, restos de tal material na cintura de asteróides. Por esta razão, asteróides como Lutécia são alvos ideais para missões futuras de recolha de amostras. Deste modo poderíamos estudar detalhadamente a origem dos planetas rochosos, incluindo a Terra.


Figura 2 - A sonda espacial Rosetta passou por Lutécia em 10 de Julho de 2010, no percurso que a levará até ao cometa 67P/Chuyumov-Gerasimenko.
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http://www.esa.int/SPECIALS/Rosetta/index.html]


Fonte: http://www.eso.org/public/portugal/news/eso1144/

Laurindo Sobrinho

( Novembro 2011 )


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