A passagem ou trânsito de um planeta sobre a face do Sol é um evento relativamente raro. Da Terra apenas podemos ver o trânsito dos dois planetas mais interiores: Vénus e Mercúrio. Em média ocorrem cerca de 13 trânsitos de Mercúrio em cada século (o último foi a 7 de Maio de 2003 e o próximo será a 8 de Novembro de 2006).

Em contraste o trânsito de Vénus é muito mais raro do que o de Mercúrio pois embora ocorra aos pares (dois trânsitos separados por cerca de 8 anos), entre cada dois eventos  existe mais do que um século de permeio. As duas últimas ocorrências foram a 9 de Dezembro de 1884 e 6 de Dezembro de 1882. As próximas ocorrências serão a 8 de Junho de 2004 e a 6 de Junho de 2012. Depois desta data apenas no ano 2117 teremos novo trânsito de Vénus sobre o Sol.

O trânsito de Vénus  do dia 8 de Junho de 2004 decorrerá entre as 5h13 UT (Tempo Universal) e as 11h26 UT. Isto significa que quando o Sol  nascer na Região Autónoma da Madeira o evento já terá tido o seu início podendo depois ser observado até a sua ponta final. Esta será uma oportunidade única de observação, a partir do território nacional, já que em 2012 o evento decorrerá durante a noite sendo, portanto, apenas visível do outro lado da Terra.

O trânsito de um planeta é usualmente caracterizado por uma sequência de eventos designados por contactos. Na Figura 1 estão esquematizados esses contactos, para o presente trânsito de Vénus,  em termos de posição e de tempo.

A partir da Região Autónoma da Madeira não serão observáveis o 1º Contacto e o 2º Contacto (pois ocorrem antes do nascer do Sol). Se as condições atmosféricas o permitirem será, no entanto, observável grande parte do passagem de Vénus sobre o disco solar incluindo o 3º Contacto e 4º Contacto.

No mapa da Figura 2 é indicado o que se poderá observar a partir de cada região do globo.  O evento será observável na sua plenitude a partir de grande parte de África, Europa e Ásia. Na Austrália será observável apenas o início. A Madeira encontra-se na região onde o evento já estará em curso ao nascer do Sol.

AVISO : Não olhar directamente para o Sol nem utilizar qualquer equipamento de ampliação como, por exemplo, binóculos. A luz solar ao penetrar directamente nos nossos olhos pode provocar lesões graves que poderão passar pela cegueira. A observação deve ser feita utilizando filtros especiais (semelhantes aos utilizados durante os eclipses solares que se podem encontrar em muitas farmácias) ou então indirectamente projectando a imagem do Sol num alvo.