Puppis

A constelação de Puppis (Popa) é uma das maiores constelações do Hemisfério Sul. A sua fronteira norte aproxima-se bastante da zona equatorial enquanto que a sua fronteira sul aproxima-se já do Polo Sul. Provavelmente a melhor forma de localizar esta constelação será tomando como referência a constelação de Canis Major (Observação do Mês nº 2 - Fevereiro 2002) onde se destaca Siriús: a estrela mais brilhante do céu.

Figura 1 - A constelação de Puppis e a sua vizinhança.

A constelação de Puppis é a maior de quatro partes que formavam antigamente uma constelação chamada Argo Navis (Navio dos Argonautas). Quando Argo Navis foi separada em quatro partes (Puppis (Popa), Pyxis (Bússola), Carina (Quilha) e Vela (Vela)), foi mantida a designação das estrelas pelo que Puppis acabou por não ter, por exemplo, uma estrela alfa. A primeira estrela com uma letra grega é zeta Pup.

L2 Pup  é uma estrela gigante vermelha cuja magnitude aparente varia entre as grandezas 2.6 (perfeitamente visível a olho nu) e 6.2 (limite do visível a olho nu) a cada 140 dias.

Aspidiske (csi-Pup) é uma estrela supergigante amarela de magnitude aparente 3.34 que apresenta uma companheira laranja quando observada com binóculos.

kapa-Pup é um sistema binário composto por duas estrelas de cor azul-branca com magnitudes aparentes de 4.5 e 4.6. O par pode ser observado com pequenos telescópios. Quando observada a olho nu o sistema surge como uma estrela de magnitude aparente 3.8. 

Esta constelação é atravessada pela Via Láctea sendo, por isso muito rica em campos estelares. Puppis oferece assim um vasto leque de possibilidades para a observação com diferentes níveis de ampliação. A região é particularmente rica em enxames abertos. Aqui indicamos apenas 15, de entre os mais brilhantes. Alguns deles são mesmo visíveis a olho nu (magnitude aparente inferior a 6.0) enquanto que os outros estão perfeitamente ao alcance de pequenos telescópios.

M46 (NGC 2437) - este enxame aberto que dista cerca de 5400 anos luz do Sol é composto por mais de 500 estrelas. A estrela mais brilhante tem magnitude aparente de 8.7 ao que corresponde uma luminosidade mais de 100 vezes superior à do nosso Sol. Cerca de 150 das estrelas têm magnitude aparente entre  10 e 13. No seu conjunto o enxame surge como um objecto de magnitude aparente 6.1. Um bom candidato para observação binocular.

M47 (NGC 2422) - trata-se de um enxame aberto brilhante que poderá ser visto a olho nu (magnitude aparente 4.4) como uma pequena mancha nebulosa. Com alguma ampliação deve ser possível identificar algumas das suas estrelas mais brilhantes. A sua estrela mais brilhante tem uma magnitude aparente de 5.7 e é do tipo espectral B2. No enxame destacam-se também duas gigantes laranja. O enxame estende-se no céu por uma região comparável à ocupada pela lua cheia.

M93 (NGC 2447) - é um enxame aberto cujas estrelas mais brilhantes são gigantes azuis do tipo espectral B9. Está a uma distância de cerca de 3600 anos luz e as suas cerca de 80 estrelas estão dispersas por uma região que se estende por cerca de 20 a 25 anos luz.

Cr 173 (Collinder 173) é uma enxame aberto composto por cerca de uma dúzia de estrelas cujas magnitudes aparentes variam entre 5 e 6. Ocupa um grande área no céu (ver figura 1) sendo inclusivamente repartido entre as constelações de Puppis e Vela. Deve observar-se de preferência com binóculos (sem grande ampliação).

Cr 135 (Collinder 135) é um enxame aberto que embora pouco numeroso pode ser facilmente localizado desde que tenhamos identificado no céu a estrela pi-Pup de magnitude aparente 2.7. Não se sabe com precisão se esta estrela faz parte do enxame ou se apenas está acidentalmente na mesma linha de visão.

Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2006