UNIVERSIDADE DA MADEIRA |
GRUPO DE ASTRONOMIA |
Observação do mês |
N.º 43 - Julho 2005 |
Scorpius
Olhando para Sul nas primeiras
horas da noite, durante o Verão, salta facilmente à vista a inconfundível
forma desenhada no céu pelas estrelas mais brilhantes da constelação de Scorpius
(Escorpião).
Identificam-se facilmente as estrelas Antares
(alfa-Sco) com o seu tom avermelhado e, um pouco mais para baixo, Shaula
(lambda-Sco) e Lesath (upsilon-Sco)
duas estrelas relativamente próximas (na cauda do escorpião). A
partir destas facilmente se identificam todas as outras (ver Figura 1).
Figura 1 - A constelação de Escorpião e a sua vizinhança.
Nome | Designação | magnitude | Classe | Tipo Espectral | Distância (AL) |
Antares | alfa-Sco | 0.9 - 1.8 | Ib | M1 | 500 |
Acrab | beta-Sco | 2.6 | V | B1 | 800 |
- | beta-Sco | 4.9 | V | B2 | |
Dschubba | delta-Sco | 2.3 | IV | B0 | 800 |
- | epsilon-Sco | 2.3 | III | K3 | 70 |
- | zeta-Sco | 4.7 | Ia | B1 | |
- | zeta-Sco | 3.6 | III | K4 | 150 |
- | eta-Sco | 3.3 | IV | F3 | 60 |
Sargas | teta-Sco | 1.9 | II | F1 | 300 |
- | iota-Sco | 3.0 | Ia | F2 | 5000 |
- | iota-Sco | 4.8 | Ib | A2 | |
- | kapa-Sco | 2.4 | III | B2 | 400 |
Shaula | lambda-Sco | 1.6 | IV | B2 | 300 |
- | mu-Sco | 3.1 | V+V | B2+B7 | 600 |
- | mu-Sco | 3.6 | IV | B2 | 600 |
- | pi-Sco | 2.9 | V+V | B1+B2 | 600 |
Alniyat | sigma-Sco | 2.9 | III+V | B2+O10 | 600 |
Alniyat | tau-Sco | 2.8 | V | B0 | 800 |
Lesath | upsilon-Sco | 2.7 | V | B2 | 600 |
Antares (alfa-Sco) é uma estrela supergigante vermelha, cujo raio é semelhante ao raio da órbita de Marte, também designada por Coração do Escorpião. Trata-se de uma estrela variável irregular cuja magnitude aparente varia entre 0.9 e 1.8. Embora esteja a cerca de 500 anos luz do Sol é a 15ª quinta estrela mais brilhante do céu. De cada um dos seus lados, a distâncias aparentes praticamente iguais, (mas de facto muito mais distantes do que Antares - ver Tabela) ficam as estrelas tau_Sco e sigma-Sco ambas designadas por Alniyat (que significa suporte do coração).
O facto de a constelação de Escorpião ficar situada praticamente sobre a faixa nebulosa da Via Láctea faz com que esta seja particularmente rica em objectos celestes, muito dos quais visíveis com pequenas ampliações ou mesmo a olho nu (Figuras 2 e 3). Destacaremos aqui 9 enxames abertos e um enxame fechado.
Figura 2 - Localização de M4 e Cr 302 na
constelação de Escorpião.
Figura 3 - Localização de M6, M7, NGC 6416,
NGC 6383, NGC 6322, NGC 6231, NGC 6281 e Cr 316 na
constelação de Escorpião.
Enxames Abertos
Designação | magnitude aparente | Numero de estrelas | magnitude aparente da estrela mais brilhante |
M6 NGC 6405 |
4.2 | 80 | 6.2 |
M7 NGC 6475 |
3.3 | 80 | 5.6 |
Cr 316 | 3.4 | - | 14.0 |
Cr 302 | 1.0 | - | - |
NGC 6231 Dunlop 520 |
2.6 | - | 4.7 |
NGC 6322 | 6.0 | 30 | 7.5 |
NGC 6281 | 5.4 | - | 7.9 |
NGC 6383 | 5.5 | 40 | 5.6 |
NGC 6416 | 5.7 | 40 | 8.4 |
O enxame aberto M6 (NGC 6405) é também conhecido (dada a disposição das suas estrelas mais brilhantes) por enxame da Borboleta. A sua distância ao Sol está estimada em cerca de 1600 anos luz. A sua extensão varia entre os 12 e os 25 anos luz. A estrela mais brilhante do enxame é uma supergigante amarela / laranja cuja magnitude aparente varia entre 5 e 7. A olho nu M6 aparece como uma pequena mancha junto à cauda do Escorpião (ver Figura 3). Com binóculos podemos ver muitas das estrelas do enxame.
O enxame aberto M7 (NGC 6475) é também conhecido por enxame de Ptolomeu, pois foi descrito pelo filosofo grego (há mais de 2000 anos) como uma mancha nebulosa que seguia o ferrão do Escorpião (ver Figura 3). É exactamente assim que o podemos ver a olho nu (em zonas pouco iluminadas e com céu limpo). Está a uma distância do Sol de cerca de 800 anos luz. Tem cerca de 80 estrelas espalhadas por uma região com cerca de 18 a 20 anos luz de extensão. A sua estrela mais brilhante é uma gigante amarela de magnitude 5.6.
Cr 302 (Collinder 302) é um enxame aberto que ocupa uma grande extensão no céu (ver Figura 1) embora seja muito pobre em estrelas. Tem no seus interior a estrela Antares (alfa-Sco).
Enxame Fechado
O enxame fechado M4 situa-se aproximadamente a 7200 anos luz do Sol o que faz dele um dos enxames fechados mais próximos. Encontra-se entre Antares e sigma-Sco (ver Figura 2) podendo ser visto a olho nu (em zonas pouco iluminadas e com céu limpo). Situa-se por detrás do enxame aberto Cr 302. Seria um dos enxames abertos mais brilhantes não fosse a absorção da sua luz pelas nuvens de matéria interestelar que se encontram ao longo da nossa linha de visão. Mesmo assim tem uma magnitude aparente de 5.6.
Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2005