UNIVERSIDADE DA MADEIRA |
GRUPO DE ASTRONOMIA |
Observação do mês |
Nº 3 - Março 2002 |
GEMINI
A constelação de Gémeos (Gemini) pode identificar-se facilmente a partir das suas duas estrelas mais brilhantes: Castor e Pollux. Estas duas estrelas representam, de acordo com a mitologia grega, as cabeças dos dois gémeos. Para localizar Castor e Pollux no céu nocturno pode tomar-se como referência a constelação de Orion (ver Janeiro 2002). O mapa seguinte situa Gémeos em relação às constelações vizinhas incluindo Orion.
Castor (alfa-Gem) - Surge ao olho nu como uma estrela de magnitude aparente 1.6. A observação com pequenos telescópios revela a existência de duas estrelas: Castor A de magnitude 1.9 e Castor B de magnitude 2.9. Estas duas estrelas azul-brancas orbitam uma em torno da outra em cada 420 anos. Mais difícil de observar é Castor C. Esta terceira estrela do sistema tem magnitude 9 e é uma anã vermelha. Curioso é que cada uma destas três estrelas é na realidade um sistema binário de estrelas. Estes binários não podem ser observados directamente nem mesmo com os mais potentes telescópios dada a proximidade entre as estrelas que os constituem. A descoberta e estudo de binários como estes é apenas possível a partir de estudos espectroscópicos. Em resumo: Castor é um sistema de 6 estrelas ligadas entre si pela acção da gravidade.
Pollux (beta-Gem) - É uma estrela gigante de cor alaranjada com magnitude 1.1.
Mekbuda (zeta-Gem) - Estrela variável do tipo Cefeide cuja magnitude varia numa amplitude de 0.4 em cada 10.2 dias.
Tejat Prior (eta-Gem) -
É uma gigante vermelha variável (semi)regular cuja magnitude varia entre 3.3 e
3.9 em cada 230 dias. Esta estrela tem uma companheira de magnitude 8.8 apenas acessível
a telescópios com aberturas superiores a 15cm.
Na tabela seguinte estão representados alguns dos dados relativos a oito estrelas da constelação de Gemini (as oito assinaladas a amarelo na figura anterior).
Nome |
Designação | magnitude | Classe | Tipo Espectral | Distância (AL) |
Castor | alfa-Gem | 1.6 | V | A1 | 50 |
Pollux | beta-Gem | 1.1 | III | K0 | 35 |
Wasat | delta-Gem | 3.5 | IV | F2 | 60 |
Mekbuda | zeta-Gem | 3.8-4.2 | Ib | G0 | 1500 |
Alhena | gama-Gem | 1.9 | IV | A0 | 90 |
Tejat Posterior |
miu-Gem | 2.9 | III | M3 | 150 |
Tejat Prior |
eta-Gem | 3.3-3.9 | III | M3 | 200 |
Mebsuta | epsilon-Gem | 3.0 | Ib | G8 | 600 |
O enxame aberto M35 (NGC 2168) comporta cerca de 200 estrelas espalhadas por uma região com o tamanho aproximado da Lua Cheia. Com a ajuda de binóculos este enxame pode ser visto como uma pequena mancha envolta em neblina. Pequenos telescópios devem mostrar estrelas de magnitude 8. Este enxame, cuja magnitude aparente é de 5, está a 2800 AL de distância.
Júpiter
Ainda na constelação de Gémeos pode observar-se o planeta Júpiter. Ao contrário do que acontece com as estrelas os planetas do sistema solar estão de tal maneira próximos que o seu movimento próprio é facilmente observável. A seta da figura indica o movimento de Júpiter ao longo de Março de 2002. Em Agosto de 2002 Júpiter já terá deixado Gémeos e estará em plena constelação de Cancer!
A observação com pequenos telescópios permite ver os quatro maiores satélites de Júpiter e acompanhar o movimento orbital dos mesmos. Note-se que pode acontecer que no momento da observação um ou mais satélites estejam eclipsados pelo próprio Júpiter. Também são visíveis algumas riscas horizontais mais escuras. Com uns bons binóculos também se podem observar, embora com maior dificuldade, os 4 satélites.
Os quatro maiores satélites de Júpiter
Nome | Diâmetro (Km) | Distância a Júpiter (Km) | Período orbital (dias) |
Io | 3632 | 421 600 | 1.8 |
Europa | 3126 | 670 900 | 3.6 |
Ganimedes | 5276 | 1 070 000 | 7.2 |
Calisto | 4820 | 1 880 000 | 16.7 |
Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2002