Daniel F. M. Folha
Centro de Astrofísica da Universidade do Porto

As riscas de hidrogénio constituem um dos diagnósticos mais importantes disponíveis para o estudo das estrelas jovens de tipo T Tauri. Esta contribuição discute resultados obtidos para as riscas de Pab e Brg numa amostra de 50 estrelas T Tauri. Nestas riscas destacam-se a quase completa ausência de componentes em absorção desviadas para o azul e a frequência relativemente elevada de perfis tipo P Cygni inverso (IPC). As componentes em absorção das riscas IPC indicam a presença de material em queda para a estrela com velocidades da ordem dos 200 kms^-1. De um modo geral as riscas apresentam perfis largos, com o máximo de emissão ligeiramente desviado para o azul. Quando se comparam os perfis observacionais com resultados de modelos num cenário de acreção magnetosférica verifica-se uma boa concordância em termos qualitativos. Uma comparação quantitativa revela discrepâncias ao nível da largura das riscas e da velocidade máxima observada nas asas das mesmas. Modelos para os quais as riscas têm origem em ventos produzem, em geral, riscas muito pouco semelhantes ás observadas. O conjunto de dados discutidos demonstra que o conhecimento actual acerca da formação das riscas de hidrogénio em estrelas T Tauri ainda está longe de permitir obter uma explicação detalhada das suas características e da sua origem.

Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2001