XI
Encontro Nacional de Astronomia e Astrofísica
Simula
ção
Numérica de Sistemas de N-Corpos:
dos enxames
de estrelas aos sistemas planetários
Nuno Pereira
Área
Departamental de Matemática,
ESTIG/IPB, Rua Afonso III, n o 1,
7800-050 Beja, Portugal.
Ana Nunes
Departamento
de F
ísica,
Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, Campo Grande,
Edifício
C8, 1749-016 Lisboa, Portugal.
Resumo
A interacção entre os objectos astrofísicos estudados em
Mecânica Celeste e em
Dinâmica Estelar
é modelada, em primeira aproximação, pela Lei de Newton. O Problema
dos N-Corpos
é a tradução matemática das "regras" de comportamento
dinâmico desses objectos, sejam estrelas ou planetas.
A impossibilidade de calcular soluções gerais
do problema quando N >=
3 abriu caminho
para o desenvolvimento de várias
abordagens numéricas.
Os métodos directos implementados nos algoritmos NNEWTON
integram as equações
do movimento do sistema de N-corpos
simultaneamente, tendo em conta a interacção
de todos com todos. Assim, embora computacionalmente mais exigentes, estes
métodos não introduzem aproximações no cálculo da força em cada corpo e
apresentam a melhor resolução espacial possível
(características importantes para as simulações
numéricas dos sistemas em estudo).
A singularidade do potencial de Newton, que surge quando a distância entre dois
corpos tende para zero, implica a utilização de técnicas
de regularização de colisões binárias
(trajectórias colineares, momento angular c =
0) como, por exemplo, a regularização KS ou, alternativamente, uma técnica de
grande simplicidade e eficiência como a
IO. Do ponto de vista numérico a necessidade de regularização surge não só
quando ocorrem colisões mas, de um modo geral, quando
ocorrem encontros (c
¹
0) suficientemente próximos para
degradar a precisão da solução numérica. Os resultados numéricos
gerados pelos programas NNEWTON mostram
que a regularização IO permite
integrar sistemas em que predominam os encontros binários e obter soluções
numéricas de boa "qualidade".
Nos primeiros estudos numéricos de sistemas estelares observou-se uma forte
dependência das soluções em relação às condições iniciais. Pequenas
perturbações são ampliadas de tal modo que
as trajectórias dos sistemas (de referência e perturbado) no espaço
de fases afastam-se exponencialmente com uma escala de tempo comparável ao
"crossing time". Os encontros entre as partículas
do sistema estão na base do mecanismo que
causa a divergência exponencial. Os resultados das simulações numéricas
de sistemas virializados onde ocorrem encontros binários
apresentam uma escala de tempo para a
instabilidade exponencial em concordância com.
A descoberta de sistemas planetários extrasolares com planetas do tipo de Júpiter
em órbitas muito próximas da estrela central fez
surgir propostas de mecanismos que expliquem a
sua formação. No trabalho em curso, procura-se investigar a eficiência
de um mecanismo que provoque variações lentas da
excentricidade, causada por ressonâncias, seguidas de encontros próximos.
Neste contexto, as simulações numéricas de
sistemas de N-corpos
revelam-se uma importante ferramenta, uma vez que se trata de
integrar sistemas solares ao longo de muito tempo (f´ísico). Também neste
caso o tratamento de encontros binários de
forma precisa revela-se fundamental.
Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2001