Gostava de saber por que razão existe entre os planetas do Sistema Solar equilibrio na equidistância, isto é, eles não colidem entre si!
A resposta imediata é: não colidem entre si porque não o fizeram nos últimos milhões de anos... Ou, se quisermos ser mais exigentes (para termos observadores-cientistas a constatá-lo), porque não aconteceu nos últimos séculos. Este é um problema da Física: O cálculo de órbitas de tanto planeta num mesmo sistema! E não tem solução simples e directa!
De facto, se isolarmos do resto do Universo dois corpos físicos, conseguimos estudá-los detalhadamente (movimento) assumindo que apenas têm massa (desprezando outros tipos de força que não a gravítica) e escrever as respectivas equações. Se considerarmos três corpos na mesma situação, já não o podemos fazer com equações simples mas com um sistema de equações diferenciais (resolúveis numericamente em computadores) é possível descrever os movimentos dos três. O problema é daí para cima... Com tão poucos quantos quatro corpos, já nem sequer numericamente chegamos lá. Aí só há duas soluções. Ou esperar que a Natureza nos ofereça um sistema para o estudar (e aprender os seus movimentos), e um espectacular exemplo é o sistema de quatro corpos Plutão-Charon-Hydra-Nix - já começámos a estudá-lo mas vai demorar muitos anos a segui-lo o suficiente! - ou então recorrer a uma "nova" (de facto do séc.XIX) teoria: a teoria do caos, junto com a Relatividade Geral (de Einstein). Podemos simular para compreender melhor o nosso Sistema Solar. É que não temos só quatro objectos, mas sim uma estrela (Sol), oito planetas, cinco planetas anões, centenas a milhares de satélites, milhões de asteróides, provavelmente milhões de cometas, etc. Assim, compreendemos hoje as órbitas (pelo menos) dos maiores objectos do Sistema Solar à custa de simulações computacionais apoiadas na "nova" teoria.
No início do Sistema Solar, as colisões eram uma constante. Aliás, foi assim que os planetas cresceram (pela junção, por colisão, de corpos mais pequenos). Agora, no entanto, passados que são 4.6 a 4.7 mil milhões de anos, estamos num Sistema muito mais calmo e estável. De facto, são precisas apenas umas centenas de milhões de anos para adquirir estabilidade das órbitas: ao fim desse tempo os objectos "mal comportados" ou já foram ejectados para fora do Sistema Solar ou já colidiram com algum objecto maior (juntando-se a este). Sobra, assim, um sistema "bem comportado" como o que temos. Se assim não fosse, provavelmente não estávamos aqui para falar sobre o assunto (a Terra já teria sido destruída). Mas não se sente ainda no sofá! Todos os dias somos bombardeados por pequenos objectos, com uma probabilidade que é inversa do tamanho: quanto maior, mais raro. Mas a probabilidade existe! É hoje inquestionável que foi um meteorito (pedaço de rocha com uns km de diâmetro) que extinguiu os dinossauros há 65 milhões de anos, entre muitas outras espécies. Felizmente, ainda não havia Homo Sapiens ou mesmo Australopitecus. Com frequência reportam-se objectos que se prevêm colidir com a Terra ou passar muito perto. Todos têm sido desmentidos, assim que temos dados mais detalhados das suas órbitas. Até um dia...
I would like to know the reason that the planets in the Solar System have equilibrium in the distances between them, that is, why don't they collide with each other?
The immediate answer is: they don't collide with each other because they haven't done so in the last few million years... Or, if we want to be more demanding (to have observers verifying it), because it hasn't happened in the last few centuries. This is a problem in Physics: Calculating the orbits of so many planets in the same system! And there is no simple and direct solution!
In fact, if we isolate two physical bodies from the rest of the Universe, we can study them in detail (motion) assuming that they only have mass (disregarding other types of force than gravitation) and write the respective equations. If we consider three bodies in the same situation, we can no longer do it with simple equations but with a system of differential equations (numerically solvable in computers) it is possible to describe the movements of the three. The problem is from there upwards... With as few as four bodies, we are not even there numerically. There are only two solutions in this situation. Or wait for Nature to offer us a system to study it (and learn its movements), and a spectacular example is the Pluto-Charon-Hydra-Nix four-body system - we have already started to study it, but it will take many years to follow it well enough! - or resort to a "new" (actually from the 19th century) theory: chaos theory, along with General Relativity. We can make simulations, to better understand our Solar System. It's just that we don't have only four objects, but a star (Sun), eight planets, five dwarf planets, hundreds to thousands of satellites, millions of asteroids, probably millions of comets, etc. Thus, we understand today the orbits of (at least) the largest objects in the Solar System at the expense of computer simulations based on thi "new" theory.
In the early Solar System, collisions were a constant. As it turns out, that's how the planets grew (by joining or colliding smaller bodies). Now, however, 4.6 to 4.7 billion years later, we are in a much calmer and more stable system. In fact, it only takes a few hundred million years for orbits to acquire stability: at the end of that time, "badly behaved" objects have either been ejected out of the Solar System or have already collided with a larger object, becoming part of it. This leaves a "well-behaved" system like the one we have. If it weren't, we probably wouldn't be here to talk about it, as Earth would have been destroyed by now. But don't sit on the couch yet! Every day, we are bombarded by small objects, with a probability that is inversely proportional to size: the bigger, the rarer. But the probability exists! It is now unquestionable that it was a meteorite (a piece of rock a few km in diameter) that extinguished the dinosaurs 65 million years ago, among many other species. Fortunately, there was still no Homo Sapiens or even Australopithecus. Often, objects are reported that are predicted to collide with the Earth or pass very close. All have been debunked once we have more detailed data on their orbits. Until one day...